terça-feira, 18 de setembro de 2012

VII - DA CIÊNCIA À VIDA


O SISTEMA VALENTINIANO
"Irineu dedica muito tempo a observar esse sistema. É muito complicado e eu espero que me perdoem por simplificá-lo. Mas antes de fazê-lo seria útil conhecer algo sobre o homem que acreditamos tê-lo concebido.

Valentinus nasceu no Egipto por volta do ano 110 dc.
 Distinguiu-se lá como poeta e homem de considerável talento no campo da teologia filosófica. Era um homem eloquente de grande magnetismo pessoal, e tal chegou a ser a sua fama que no final do século V São Jerônimo disse dele: "Ninguém pode fazer que uma heresia que seja tão influente, a menos que possua, por natureza um intelecto surpreendente, e dons proporcionados por Deus. Valentinus foi um homem assim. Parece que foi um homem visionário que disse desde jovem ter um sonho do Logos (explicado brevemente, a energia que criou o universo), que lhe apareceu sobre a forma de uma criança. Ele levou a sério os sonhos, e hoje estamos melhor colocados do que, por exemplo, Irineu, para reconhecer o valor dos sonhos. Valentinus esteve em Roma em meados do século II, e quase chegou a ser nomeado bispo, o que nos diz bastante sobre a natureza da Igreja Católica naqueles tempos. Os seus opositores disseram que seria um erro nomear um bispo, que acabaria por produzir uma sucessão na igreja católica.

O sistema de Valentinus começa assim: digamos que no princípio já havia a eternidade do ser, um Pleroma, a plenitude, uma harmonia.
 No "centro" estava sempre o Pai, perfeito e incomensuravelmente profundo, um ser do qual nada poderia ser dito pois compartilhava o carácter de eternidade que era. Pertence à natureza do Pai, projetar uma série de arquétipos. Estes são a Inteligência (Nous), a Verdade, o Verbo (Logos), a Vida, a Humanidade e a Igreja (um corpo eterno e invisível). Estes arquétipos têm uma energia potencial, e projetam por sua vez outra série de arquétipos. Em cada projeção o arquétipo que se encontra a uma "distância" do Pai, embora não seja uma distância real, pois não existem o espaço e o tempo. Tudo isso sucede numa dimensão tão distante do que nós conhecemos que não existe uma verdadeira forma de descrevê-lo. Esta é uma intuição, a atividade do nous dentro da própria experiência do gnóstico, uma poesia filosófica. 

O correspondente agora à natureza da sabedoria, quando está ativa, questionar-se e esforçar-se para entender.
 Uma das projeções, «sophia», a sabedoria, começa a desequilibrar-se dentro do Pleroma porque deseja conhecer o Pai, um privilégio que só é concedido aos Nous que está mais perto do pai. Como já disse, os arquétipos contêm um potencial que o Pai decidiu não controlar, aonde, em última instancia ele seja o responsável. As perturbações no interior da «sophia» levam-no a conceber uma «substância sem forma». Como procede da culpa, é um fracasso. É uma substância de menor importância.

O Pleroma sente-se comovido, mas o «limite» do Pleroma convence a Sofia de que o Pai é incompreensível. O produto de sua paixão é descartado, do Pleroma ao Todo, um vazio. Pai achou necessário projetar mais de dois arquétipos: Cristo e do Espírito Santo para ensinar o conteúdo do Pleroma e sua verdadeira relação com o pai.

O Pleroma canta os louvores do Pai e chega a ser «o fruto perfeito de sua alegria»: Jesus o Salvador. No entanto, nem tudo está bem. Uma «substância sem forma» exilada do Pleroma faz nascer a matéria de sua angústia e anseio de Cristo, assim como um elemento psíquico ou «anímico». «Cristo» tem piedade e desce para dar forma à sua não-forma, que por sua vez produz pneuma, espírito.

Destes três elementos: alma, matéria e espírito, se cria o «mundo». Portanto, as coisas sólidas devem a sua origem às ideias «separadas». 

A sophia forma um "demiurgo", - um criador -  para fazer algo com a matéria que vai produzir. Organiza o céu, a terra e as criaturas que sobre ele vivem. Mais importante todavia, é podermos ver que esse «demiurgo» é uma má  cópia dos arquétipos eternos, identificando-se com o Deus do Antigo Testamento: Um ser deficiente, que parece inconsciente da sua deficiência e está determinado a que as suas criaturas continuem desconhecendo a sua fonte.

Já se disse que existem três tipos de pessoas: tipo carnal: (seres materiais que não tem possibilidade de uma gnosis salvadora), tipo psicológico (que pode alcançar a salvação através do conhecimento e a salvação de Cristo) e, claro, os tipo pneumáticos, que como tem o pneuma divino no seu interior, para salvarem-se só tem que conseguir a conexão entre o seu pneuma e «Jesus». Ao acordar, o pneumático pode regressar rapidamente ao Pleroma. Além disso, o demiurgo gnóstico-pneumático é superior ao demiurgo."

Comentário
Por causa dos babilônios,
que governam o mundo
dos principados das trevas
Acordei do meu sonho.

A honra e a glória acompanham o discurso do homem sensato, mas a língua dos imprudentes será a sua ruína. Tal como acontece com as cores, sons e outros sentidos, realizam-se com a verdade. No caso das cores, estas estão claramente diferenciadas pelo seu próprio espectro físico, que está determinado por um comprimento de onda específico.

A luz branca é a combinação de todas as cores que se decompõe devido ao efeito físico da água e do sol, aparecendo assim os distintos espectros de luz que formam o arco-íris. Este fenômeno natural é comum a todos os seres humanos, não existe um relativismo visual, isto deve-se à existência de recetores na retina que recolhem o espectro da luz, a retina através do nervo ótico transmite-o ao cérebro e este codifica cor.

É por isto, que a natureza carece de um relativismo existencial. O relativismo só é comum á cegueira; só quando falham os nossos mecanismos de perceção, começamos a ver as coisas de forma diferente, como o caso do daltonismo, que não distingue a cor como pode ser vista por outras pessoas.

OS SENTIDOS ESTÃO INEXORAVELMENTE SUJEITOS ÀS LEIS DA FÍSICA
A perda dos sentidos no homem supõe um caos existencial, porque nos  afasta das leis naturais, voltamo-nos contra elas e contra os homens que a representam ou manifestam.

Assim como os sentidos estão intrinsecamente ligados às leis da física, o caráter e o intelecto dos homens também estão relacionados e sujeitos aos arquétipos.

Estes arquétipos são estruturas bioquímico-vibracionais criadas pela natureza, que assentam na própria evolução até chegar ao homem e são referencial do mental, emocional, intelectual, ética e consciência intelectual.

Dentro dos caracteres existem:

  • 24 arquétipos mentais.
  • 24 arquétipos emocionais.
  • 24 arquétipos da ética.
Uma alteração dentro da estrutura bioquímica-vibracional dos neurónios que compõem o espectro da consciência (carateres - intelecto) supõe uma degeneração Arquétipo e do ressurgimento de um Estereótipo, algo comum à própria lengalenga do homem.

O INTELECTO É REGIDO POR UMA RAIZ PRIMÁRIA
O intelecto também é determinado pelos arquétipos em sintonia com as leis da natureza e o perfil dos caracteres. É óbvio que o Intelecto está submetido à  influência dos fatores educacionais, mas há uma raiz primária que se entrepõe com as tendências e a ordem educacional, sendo esta raiz primária (arquétipo) que permite nos situarmos dentro de uma ordem harmoniosa e evolutiva.   
O Intelecto compõe-se de zonas distintas, cada uma delas com funções também distintas

O DESPERTAR DO COSMOS
"O universo é constituído por uma série de esferas concêntricas, que giram em torno da Terra." Este era o conceito do Cosmos, para Aristóteles, influenciado pelas ideias de Pitágoras e Platão.

O "Chu King" Livro dos anais da China ou o Livro dos documentos retrata a história da China desde as suas origens até à redação do próprio texto do livro (séc. IV aC). Faz um relato de Gênesis e conta como a Unidade Primeira, o absoluto (TAO), se polariza em duas forças primordiais, uma yin e outra yang, de cuja interação apareceu tudo o que existe: A MANIFESTAÇÃO.

Também o “Nei King” - Foro da Medicina Tradicional Chinesa – diz-nos: Yang e Yin é o TAO - a lei do céu e da terra - representam a gênese de todas as forças materiais e de todas as transmutações. É o começo ou o fim, vida ou a morte.

Este conceito de "Manifestação" responde a um despertar do Cosmos e da sua própria estrutura determinada pelo nada, por um vazio absoluto, submetida à máxima quietude. Baseando-nos nas leis do TAO, esta é a própria expressão de duas forças que interatuam (Yin - Yang) e que conformam todas as coisas. Em termos ocidentais, a lei dos opostos diz-nos: o Yin cria o Yang e o Yang gera o Yin.

O YIN ABSOLUTO (A QUIETUDE) POLARIZOU-SE NA TENSÃO DA PRÓPRIA GENESIS (YANG)



O Yin representa "o escuro", "o feminino", "o suave", "o passivo", "o pólo negativo", "a quietude".

O Yang representa "o claro", "o masculino", "o duro", "o ativo", "o pólo positivo", "o movimento".



Outro dos paradigmas do TAO diz-nos que "nada é Yang ou Yin absoluto." Então, o termo - vazio absoluto ou nada absoluto - é relativo, não existe; é que pode ser vazio com respeito a outra situação ou de registo. Assim, um pólo gera o pólo oposto, como a noite traz o dia e a quietude se torna movimento.

É evidente que o Cosmos, em sua génesis, submetido à quietude mais absoluta, fruto de sua própria lei, pôs-se em movimento, originando o primeiro estado ou embrião da Consciência Cósmica, a grande manifestação, o TAO.


O TAO É A CONSCIÊNCIA DA NATUREZA EM SEU ESTADO EVOLUTIVO
Podemos entender o TAO como a consciência que se manifesta em todas as coisas, agregados ou em seres da natureza de forma diferente, dependendo do seu estado de evolução, assim, numa nota musical, uma pedra, numa árvore, num animal no homem, em Deus, o TAO manifesta-se em graus diferentes.

Uma nota musical reflete a própria consciência de seu nível evolutivo, submetida e determinada pelas leis de ressonância, impregnando um fluxo vibracional que irrompe o vazio e o preenche, não aleatoriamente, mas procurando a sua situação física dentro do espaço.

No caso de uma árvore, esta manifesta a sua consciência na necessidade de ir buscar nutrientes para sobreviver. suas raízes procuram e dirigem-se para onde se encontra água; mas quem disse à árvore onde estava a água? Aqui, a consciência  - o TAO - manifesta-se sob a forma de recetores vibracionais que as raízes possuem, com os quais detetam a humidade. Devemos entender as energias climáticas da natureza, como a neblina, o calor, a seca, o frio, o vento e a humidade como estados vibracionais distintos.

Num animal, o TAO manifesta-se na sua capacidade intuitiva de adaptar-se e subsistir no meio ambiente. Intuição, TAO, Natureza, Consciência, são uma única e mesma coisa, que permite ao animal a sua adaptação. Inclusive mudar funções orgânicas e de defesa, tais como mudar de cor ou vestido ou adquiri-la para disfarçar-se ou manifestar-se, ampliar as orelhas para refrescar-se, reciclar a urina por falta de água, mudar o seu ciclo reprodutor, produzir veneno, pressentir cataclismos, etc. ...

NO HOMEM EXISTE UM BINÓMIO «RAZÃO - INTUIÇÃO»
No homem produz-se um salto qualitativo e o TAO manifesta-se e desenvolve-se na razão do mesmo. Dota o homem de raciocínio e já não é suficiente apenas para sobreviver, sinal que aparece no Intelecto com novas e múltiplas conotações, que o torna longe do puramente intuitivo e nos coloca num quadro antropológico da nossa própria realidade e da realidade das coisas que nos rodeiam, colocando-nos na natureza e nunca à margem dela.

A diferença com um animal, é que no homem produz-se um binómio Razão-Intuição e sempre deve haver uma inter-relação entre essas duas manifestações. Se o homem, na busca do conhecimento, se afasta dos “sentidos", converte-se num bárbaro intelectual e coloca-se contra a ordem natural; relativiza-se e cria o caos à sua volta, como acontece hoje em dia.

Em Deus, o TAO é a expressão máxima da evolução. É o caminho a seguir para alcançar o conhecimento e a vida, respeitando a ordem natural, porque fazemos parte dessa ordem, porque é a nossa família, d’Ele viemos, n'Ele vivemos e para Ele iremos. Cristo disse: "Deus sois e o haveis esquecido."

Deus, como a mais alta expressão do TAO, representa-o, respeita-o e perpetua-o, e o respeito por estas normas foi o que lhe permitiu tornar-se Deus.

Podemos concluir que o TAO e DEUS se fundem numa mesma coisa; um representa a natureza criadora e o outro a máxima expressão do criado, convertendo-se, em si mesmo, no Criador.


O SENTIDO É A RAIZ PRIMÁRIA DO CONHECIMENTO
"O movimento do SENTIDO é o retorno.
O efeito do SENTIDO é a flexibilidade.
Sob o céu de todas as coisas nascem do Ser
O ser nasce do Não-ser. "
                                                                      Lao Tzu - XL

Comentário
O “Sentido" é o TAO, a consciência. O seu movimento é o "retorno", que significa voltar à consciência dos sentidos.

Hoje dia estamos escravizados pelo raciocínio com defesas deformadas, porque o efeito do "Sentido" é a flexibilidade e o estar aberto, no sentido intelectual e intuitivo.

Todas as coisas nascem do "Ser". O "ser" Deus é a máxima expressão do conhecimento "Sentido" e todas as coisas nascem desse conhecimento absoluto e omnipotente. O "Ser" nasce do "Não-ser", o que significa que, para podermos ser algo, temos que ser nada, referindo-se ao conhecimento; temos que deixar/desejar que a natureza atue  (que é o Sentido) e, através dos sentidos, alcançar a Razão.


A CIÊNCIA DA VIDA É A PRÓPRIA CIÊNCIA
Eu livrei-me das amarras e das complexidades desde criança e não é que a intuição também tem seu peso molecular? Desprender-se das sensações é como colocar a ciência numa gaiola. O conhecimento holístico compreende um vasto território e são tão importantes e numerosas as neuronas das sensações, como as das razões. Por algum motivo as colocou assim, a natureza!

Mas por deformação temo-la, induzida e direcionada à polarização racional e não dirigida ao binómio (polaridade) Intuição-Razão.

Ouvi um cantor de flamengo (El Cabrero) dizer: "Como gostaria de saber falar bem para dizer o que quero, mas como posso eu ir estudar se os que estudam perdem a consciência". Não pode ser mais sábia e mais acertada a frase, ainda que venha de um pastor de cabras. Mas é que as sensações não se estudam nas universidades de hoje, ao contrário, são inibidas. Que bom seria estudar sem inibir as sensações! Então, em vez da Ciência do Bem e do Mal, teríamos a Ciência da Vida - "A Ciência com Consciência" - aquela da qual gostaria o cabreiro.


AS SENSAÇÕES GERAM NOVAS PERSPECTIVAS
Na Bíblia também encontramos outras citações que nos falam sobre estas viagens:

Um dia, em que os filhos de Deus se apresentavam diante do SENHOR, o acusador, Satan, foi também junto com eles. O Senhor disse-lhe: «Donde vens tu?». Satan respondeu: «Venho de dar uma volta ao mundo e percorrê-lo todo.»
(Job 1: 6-7) 

ONDE NÃO HÁ AMBIÇÕES NEM PROSTITUIÇÃO, SÓ TENS DE PROCURAR A LUZ
 Desde o Não Ser, pode-se ser mais livre; quando se perdeu a consciência  custa recuperá-la. Nos tempos modernos, as coisas são tomadas de ânimo leve, a partir da TV fazem-se afirmações que chegam a milhões de pessoas e parece que estas foram feitas por Deus. Mas existe Deus? Bem, refiro-me aos deuses do Olimpo, deuses que andam perdidos nas faculdades da esfera dos sentidos, e por isso, têm falsos pressupostos, que os levam a estados enganosos. Mas não só ensurdecem e cegam, à direita e à esquerda. Atenção! Não é bom tornar-se num cordeiro devido às sentenças de morte televisivas.

Infelizmente, não nos damos conta de que o Grande Caminho não tem propósitos capitalistas, as chamas da verdade não queimam. Favorecer o interesse ao conhecimento, é como cravar agulhas em ferro ou pedra.

Tão pouco se podem espalhar heresias. Quem fez, por acaso os milagres? Jesus e os apóstolos mais tarde, ou aqueles que se posicionam contra as Escrituras?

Cristo disse: "Não vim destruir a lei, mas sim cumpri-la.". Assim, Cristo confirma as antigas escrituras (Antigo Testamento). Nada deve ser chamado de cristão, se for contra as escrituras, porque Antigo e o Novo Testamento são a mesma doutrina.

"Tenham cuidado com falsos mestres.", disse Jesus aos seus discípulos, e "Como os reconhecerão?", perguntaram os discípulos; ao que Jesus respondeu: "Pelas suas obras os reconhecerás".

Atenção às palavras mansas! Como disse Lao Tzu, "As palavras bonitas não são as verdadeiras."

É a obra que santifica o homem e não a palavra, a palavra deve ser precedida pelos factos.


A OBRA É AMOR
O mundo capitalista parece insuperável, é como uma parede com uma centena de quilómetros de altura. A sua funcionalidade ativa é uma questão de oportunidade na busca da galinha dos ovos de ouro. O único alívio da fadiga do Homem é o dinheiro.

Porque não tentam manter os seus passos errantes no caminho reto?

Há um lugar nesta selva onde possa refugiar-me?

No reino de Deus eu tenho o principal: o não ser ganancioso. O meu propósito é apenas o meu sustento diário.

A vida é o essencial e a morte o fim de tudo.

Todo aquele que morre, a sua alma perece.

Só Deus pode dar de novo a vida.

Um, em cada cem milhões, pode chegar ao reino dos céus.

Um, em cada milhão, pode ser reencarnado.

Um, em cada milhão, vai para o Inferno, cumprir os seus crimes para depois morrer na perpetuidade.

Quanto ao resto dos homens “sois pó e ao pó tornarás”, os seus corpos e as suas almas cairão no esquecimento eterno.

“Entrai pela porta estreita: porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que seguem nele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram.”
(Mateus 7:13-14)












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